Realidade Encontrada na Sauber
Mattia Binotto deu uma longa entrevista para a Autosport nesta sexta-feira (20) e compartilhou detalhes sobre o que encontrou na Sauber após aceitar liderar o projeto das operações da Audi na Fórmula 1.
O italiano sabia que seria uma tarefa difícil, mas encontrou na equipe suíça uma realidade, no mínimo, estranha, com tudo sendo pensado para 2026 antes de serem concluídas as temporadas anteriores.
Diferença Entre Ferrari e Sauber
Diferente do que encontrou na Ferrari, onde tinha de conduzir o time italiano ao título, Binotto admite que o desafio da Audi foi maior do que o previsto. Afinal, encontrou uma Sauber que luta para marcar pontos – foram apenas 4 em 2024 e a lanterna do campeonato mundial de construtores – e sem uma estratégia clara para seguir adiante.
Foco no Futuro, Desprezo pelo Presente
“Quando entrei, não havia realmente nenhum plano ou desenvolvimento e isso foi o que mais me preocupou. Tudo estava focado em 2026, mas isso é um problema, para mim, porque acho que uma equipe precisa seguir lutando e competindo na pista.
Só assim saberemos que estamos indo na direção certa, entendendo as fraquezas e os pontos fortes. Este é o verdadeiro know-how de uma equipe”, disse Binotto.
Gestão Anterior e Impacto na Equipe
Binotto acredita que a gestão anterior estava muito focada em um trabalho a longo prazo, o que desencadeou a queda da Sauber e impactou a mentalidade da equipe. Inicialmente, o projeto era comandado por Andreas Seidl e, posteriormente, teve a adição de Oliver Hoffmann.
Necessidade de Melhorias Imediatas
“Estávamos congelados, embora nossos planos estivessem adequados para sermos um time de ponta no futuro, precisávamos realmente trazer melhorias durante a temporada
atual para garantir a direção adequada no desenvolvimento do carro para a próxima temporada”, explicou Binotto.
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Infraestrutura e Metodologia
Binotto estudou tudo o que foi feito em Hinwill e concluiu que a infraestrutura precisava aumentar, além de melhorias nas instalações da equipe. “Acho que a Sauber vem sendo
uma equipe com mentalidade de sobrevivência na última década. Nosso túnel de vento é ótimo, está atualizado, mas nossa metodologia interna de teste não foi desenvolvida”, analisou.
“E um bom túnel é a maneira como você mede suas características de desempenho aerodinâmico. Então, qual o nível de nossa simulação hoje? Não é bom, admito. Porque
não se pode testar tudo hoje, precisa filtrar mil ideias e trazer as dez melhores para o túnel de vento. Por isso estamos muito atrasados”, acrescentou.
Desafios de Contratação e Crescimento
A longo prazo, Binotto aponta que a Sauber precisa ter cerca de 350 funcionários na fábrica, algo que ele vê como difícil de acontecer rapidamente devido à especialização necessária em Fórmula 1.
Investimento em Talentos Recém-Formados
“Nossa estratégia será investir em talentos recém-formados, estou bastante convencido que este é o melhor investimento que podemos fazer para a nossa jornada na Audi. Os jovens formados darão à equipe um retorno positivo”, disse Binotto.
Metas Realistas para o Futuro
Sobre metas, o COO da Audi é realista: “Talvez seja apenas em três anos que possamos atingir nosso objetivo de lutar por vitórias, e o título até 2030.
Isso ainda é muito ambicioso e desafiador. Podemos ter sucesso na próxima temporada? De jeito nenhum, não teremos todas as ferramentas necessárias.
Nossa meta é melhorar a cada temporada, simples assim. Para nós, será importante no ano que vem fazer melhor do que foi em 2024, e no ano seguinte também”.
Próximas Atividades
A Fórmula 1 está oficialmente de férias e dá adeus a 2024. A próxima atividade é a sessão de testes coletivos de pré-temporada, marcada para os dias 26, 27 e 28 de fevereiro, no
Bahrein. A temporada 2025 começa com o GP da Austrália, entre os dias 14 e 16 de março.